A propósito da
realidade política nacional, o meu estado de espírito é de uma certa sensação de estar entre a espada e a parede. As razões são simples: por um lado, o da espada,
continuo a sentir uma enorme frustração para com o nosso Governo que,
apesar dos bons indicadores que aqui e ali vão aparecendo, parece-me que não se
atina a fazer as reformas de fundo que de facto nos abrissem as
portas para uma futura prosperidade; por outro lado, o da parede, as alternativas
políticas - e partidárias - à actual maioria que nos governa são tão
más, tão desvairadas e, pior ainda, capazes de gerar resultados
políticos e sociais tão maus, que o que me resta é aceitar que assim é a
vida, este é o Governo que temos e não se vislumbram possibilidades de
termos no curto prazo um muito melhor do que este. Foi neste sobressalto psicológico que assisti ao último congresso do PSD. Entrei, portanto,
desconfiado. E, para mal dos meus pecados, consegui sair ainda mais
desiludido.
Primeiro, com a intervenção do Presidente do partido. Alguém
ainda me há-de explicar por que razão passou Passos Coelho uma boa parte
do seu discurso de abertura a discorrer sobre o pivotal papel que o PSD
desempenhou nas fundamentais revisões constitucionais para, à medida que elencava as diferentes reformas constitucionais que o PSD ano após ano forçou e, fruto do registo histórico, quando já
empolgava aqueles que, como eu, vêem como evidente que o caminho da
prosperidade assenta numa fundamental - e inevitável - revisão constitucional, terminar o seu discurso atabalhoando-se num lamúrio, em jeito de piada, do género "o PS que não se preocupe que eu não venho pedir uma
revisão constitucional". Ora, primeiro se não pediu, deveria ter pedido:
sem ela não se vai a lado algum, e até era uma bandeira eleitoral do
PSD de 2011. Depois, se não era para pedir a dita revisão então para quê aquele
discurso todo? Sobra o mistério.
A segunda desilusão nem preciso abundar
muito nela: só mesmo alguém profundamente obstinado na sua própria
teimosia poderia pensar que candidatar o Sr. Relvas ao Conselho Nacional
seria uma boa ideia. Palavras para quê? A safar um pouco, ficou o resultado tenebroso da lista de Miguel Relvas e ainda ter dado para ver Marcelo Rebelo de Sousa, o entertainer, bem como Santana
Lopes, o humanista benemérito, a mostrarem que os ex-líderes podem ser
um bocadinho mais do que aquele fastidioso show de egotismo amargurado
de Luís Filipe Menezes para quem, de facto, já não resta muita paciência
para aturar.
No final, ficou um congresso com um ou outro momento engraçado, a noção de que o PSD não está morto mas, ao mesmo tempo, a
sensação de que o PSD verdadeiramente reformista e capaz de rasgar com o
status quo ainda não é desta que vai aparecer. Azar da vida, é o
que há, e o que há ainda consegue ser bem melhor do que as
inconcebíveis tonterias do Tozé Seguro, ou o revolucionário
ressentimento da sempre ressabiada extrema-esquerda indígena.
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