O Dr. Assis afirma numa entrevista ao Público
que as eleições europeias são uma boa "possibilidade de manifestarem
não apenas a sua desconfiança, a sua
oposição, a esta maioria, mas também de contribuírem para a afirmação de
uma alternativa política em Portugal". Assim, além de vender a ideia de
que com uma maioria de esquerda no Parlamento Europeu "vamos ter
grandes mudanças políticas na Europa", não deixa de tentar cativar o
votinho contra o Governo. Ambas as coisas são desonestas e só não
apelido o Dr. Assis de aldrabão porque a última vez que andou por
Bruxelas passou lá tão pouco tempo que deve perceber do assunto tanto
como a Lili Caneças.
Em primeiro lugar, é profundamente
irresponsável, e contribui claramente para o déficit democrático na UE,
fazer de eleições - que decidem o rumo político da UE por cinco anos -
um, plebiscito aos Governos nacionais. É democraticamente imaturo e um
bom exemplo de confundir alhos com bogalhos, pior, de promover a
confusão no eleitorado. Aliás, quando dos referendos que deitaram abaixo
o projecto de constituição europeia era precisamente essa a ideia que
se criticava.
Em segundo lugar, já que Hollande, para
os socialistas, o anterior salvador da Europa, anda a fazer os
inevitáveis cortes na despesa pública e a apregoar o contrário do que os
senhores do PS apregoam, viram-se agora os socialistas para outros
salvadores. Quem? A futura Comissão Europeia saída da tal "maioria de
esquerda", ou seja, para aqueles que nos emprestaram o dinheiro que a
dita austeridade anda a tentar pagar de volta. Está bom de ver que se
for Martin Schulz o sucessor de Barroso, a Comissão vai deixar de querer
orçamentos nacionais em ordem e equilibrados. É que é isso mesmo,
então, ainda por cima, sendo Schulz alemão e de um partido que está
coligado no Governo nacional - adivinhem com quem? - com a Chanceler
Merckel, pois claro.
Mas a aldrabice do Dr. Assis não
se fica por aqui. Às acusações de despesismo dos anteriores governos PS
apelida-as de demogógicas como se, imagine-se lá, não tivessem sido
precisamente esses governos a levar Portugal à bancarrota por haver um
excesso de despesa pública face à receita. Demagógico é quem assume os
seus erros ou quem transforma, pela retórica, erros em supostas
virtudes? Está bem abelha, nesta já só cai quem quer.
Para
finalizar, o Dr. Assis assume ainda, com satisfação, que o Sr. sócrates
vai participar na sua campanha e anuncia a sua vontade para que, após
as próximas eleições legislativas, haja um novo ciclo político que passe
obrigatoriamente pelo PS. Quanto a isto nada de novo, é o PS do costume
e de sempre. Agora, espremido, esprimidinho, o que sobra então do
discurso do Dr. Assis? O PS merece ganhar porque nunca fez nada de mal
nem tem qualquer tipo de responsabilidade no facto de ter governado um
país até à bancarrota, a austeridade (termo que significa a incapacidade
para não se gastar mais do que aquilo que se tem) é uma loucura da
direita "radical" - faltou acrescentar do Hollande também - e o PS, esse
bando de santos milagreiros, é que deve governar Portugal porque
conhece a receita exacta para a "competitividade" (viu-se). Entretanto,
na campanha lá teremos sócrates a perorar contra o governo e a afirmar
descaradamente o contrário de tudo aquilo que dizia em 2011. A sério,
esta gente não tem vergonha na cara?
*Também publicado aqui.
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